quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Aí sim, Vettel!


Sempre achei que para que Sebastian Vettel entrasse para o seleto grupo de gênios faltava-lhe ainda algumas corridas heróicas no currículo, como aquela de Senna no Japão em 1988, quando conquistou seu primeiro título, algumas apresentações de gala de Schumacher ainda nos tempos de Benetton, a temporada que vem fazendo Alonso este ano, andando mais que o carro... Não falta mais. A atuação de Vettel em Abu Dhabi este ano foi digna de heroísmo.
Claro que nunca duvidei de seu talento. Desde sua primeira aparição, nos treinos livres para o GP dos Estados Unidos, em Indianápolis 2006, ficou nítido que ali havia um garoto de brilhante futuro. Lembrava Senna, com sua audácia em andar mais que todos os mais estabelecidos na chuva, como em Nurburgring em 2008, quando não chegou ao pódio devido a uma barbeiragem de Hamilton atrás do Safety Car (quase bateu e freou muito forte, obrigando Vettel, que vinha atrás de Toro Rosso, a sair para a grama e bater na mureta de proteção). Depois em Monza, com pole e vitória! De Toro Rosso, uma equipe que um dia foi Minardi! Na chuva! Ali, muitos passaram a com pará-lo a Ayrton Senna.
Claro que hoje seu carro é o melhor da F1 atual. Ultrapassar vários carros mais fracos, não é lá muito difícil com uma máquina afinada de Adrian Newey nas mãos. Mas Vettel largou dos boxes, punido por não deixar combustível suficiente para análise após os treinos, onde tinha o terceiro melhor tempo. Abu Dhabi é uma pista chata de passar.
Na primeira volta estava em 20º. Na quarta já estava em 14º. Então o Rosberg passou por cima da HRT de Karthikeyan (puta bagaçada) e o Safety Car juntou todo mundo.


Sorte de Vettel. Alonso já começava a se preocupar. Mas Vettel estava com a asa danificada por uma disputa feroz com Bruno Senna e Timo Glock. Simplesmente os três dividiram a mesma curva. Vettel passou os dois, mas esbarrou em Senna e quebrou um pedaço de sua asa. Mas o carro ia bem até que, nas voltas atrás do Safety Car, Vettel estava aquecendo pneus atrás de Ricciardo, da Toro Rosso, quando foi fechado por pelo australiano. Teve que sair da pista e atropelou a placa que sinaliza a zona de acionamento do DRS. Estas placa é de isopor, mas mesmo assim danificou ainda mais sua asa dianteira. Foi obrigado a antecipar sua parada e caiu para último de novo. Com pneus novos macios, quando todos estavam com médios desgastados, ele deu um show. Passava dois de uma vez na mesma freada! Aí sim, Vettel.
Lá na frente Hamilton liderava tranquilo, com Raikkonen em segundo (fez ótima largada, saindo de quarto), Maldonado em terceiro (fez ótima classificação outra vez o venezuelano), Alonso em quarto, Webber em quinto, Button em sexto e Massa somente em sétimo.
Alonso largou muito bem e fez uma das mais belas ultrapassagens da temporada sobre Webber, na freada da segunda reta, por fora, fritando pneus e tudo. Na raça!
Depois despachou Maldonado e se estabeleceu em terceiro, próximo de Raikkonen.
Hamilton, mais uma vez, morreu na praia. Após dar um show nos treinos, enfiar mais de meio segundo na rapa ao conquistar a pole, liderar a corrida (cometeu um só erro na freada da reta principal e saiu da pista, quase perdendo a posição para Raikkonen), teve um problema na bomba de gasolina e abandonou de novo. Muito azar para Hamilton este ano. Poderia estar lutando pelo título.
Raikkonen assumiu a ponta e Vettel já aparecia em segundo após a primeira rodada de pits e a corrida se movimentou. Alonso passou Maldonado, que dormiu, assumindo a segunda posição.
Webber, após tomar o passão por fora de Alonso, ficou puto e quis fazer igual. Primeiro com Maldonado. Tocou rodas e rodou. Maldonado seguiu na boa. Depois com Felipe Massa. Do mesmo jeito, na freada da segunda reta pôs de lado, dividiu com Felipe por dentro, tocou rodas, espalhou e foi por fora da pista. Ao voltar, jogou pra cima de Massa, que freou e rodou. Reclamou muito pelo rádio o brasileiro, mas a FIA interpretou como “no further action”.


Depois Button quis ensinar Webber e mostrou como se passa Maldonado na mesa curva, só que por dentro.
Vettel, com pneus desgastados, começava a perder terreno para Raikkonen. Parou e voltou em quarto. Isto já lhe garantia a liderança do campeonato.
Mas as emoções ainda não haviam terminado. Numa bela disputa, Paul Di Resta (Force India) tentava ultrapassar Grosjean da Lotus. Sérgio Perez (Sauber) vinha no vácuo dos dois. Na já famosa freada da segunda reta (melhor ponto de ultrapassagem da pista), Di Resta botou por fora e forçou pra cima de Grosjean na freada. Perez, no maior estilo game, freou lá dentro e tentou passar os dois. Passou Grosjean na primeira perna da chicane e dividiu a segunda perna com Di Resta. Perez saiu da pista e ao retornar (assim como Webber fez com Massa) tocou em Grosjean e os dói bateram, levando junto Mark Webber que vinha atrás. Safety Car de novo. Pérez, Grosjean e Webber fora. Sorte de Massa e Bruno Senna que herdaram estas posições e brigavam pela 12ª posição.
Juntou todo mundo novamente e Vettel colou em Button, que estava em terceiro. Ficou 10 voltas tentando uma maneira de ultrapassar sem se arriscar, afinal, largar dos boxes e terminar a prova em quarto, ainda à frente do campeonato, já era mais que suficiente.
Mas Vettel é piloto e piloto não perde a oportunidade. Como a equipe Ferrari avisou divertidamente Alonso pelo rádio: Button dormiu e Vettel o passou. Passou por fora, no maior estilo, na mesma curva onde Webber tentou e não conseguiu duas vezes. Aí sim, Vettel!
O rádio, aliás, foi a grande atração deste GP. As patadas de Raikkonen em seu engenheiro na corrida foram hilárias. “Deixe-me em paz, eu sei que estou fazendo” disse ao ser informado que seu engenheiro o manteria informado o tempo todo sobre a sua diferença para Alonso. Noutra, ao ser aconselhado por seu engenheiro para cuidar do desgaste dos pneus, respondeu, cortando: “Sim, sim, sim, eu sei, estou fazendo isso desde o começo da corrida”. Agora sei por que Kimi não deu certo no WRC. Se ele se incomoda com pequenas frases no rádio, imagina ficar o tempo inteiro ouvindo o navegador ao lado? Deve ter ficado maluco.
Alonso fez ótima corrida e chegou em segundo e Vettel, brilhantemente em terceiro.
A antessala do pódio era a síntese do campeonato. Raikkonen e Vettel conversavam animadamente, enquanto Alonso descansava sozinho, afastado deles, nitidamente desolado.
Parabéns para Raikkonen pela vitória e por fugir do estereótipo de robozinho do mundo da F1. Após a festa da champanhe, na entrevista que fazem agora, ainda no pódio, David Coulthard (ex-piloto e agora comentarista de TV) perguntou se ele se sentia mais feliz com esta vitória em relação às demais que já teve.
Ele respondeu: “No much, really” (Não muito, para ser sincero). De mais!
Parabéns à Lotus. Foi sua 80ª vitória. A última foi no GP de Detroit, EUA, 1987, com Ayrton Senna.


Parabéns aos pilotos que fizeram deste GP de Abu Dhabi num dos melhores da temporada, com muitos pegas e muitas ultrapassagens.  Mostraram que mesmo em uma pista onde sempre teve corrida chata, basta ter peito e raça que o show acontece.
Após três pistas perfeitas para os carros da Red Bull, com quinas, retas, curvas em 90º, plano, enormes áreas de escapes como foi na Coréia, Índia e Abu Dhabi, a F1 chega em um pista nova nos Estados Unidos. A pista de Austin, no Texas, promete ser bastante seletiva, com aclives e declives, “S” em sequência, curvas cegas. Lá e em Interlagos a Ferrari pode ter alguma reação, apesar de a Red Bull ter dominado Interlagos nos dois últimos anos.
Espero que sejam corridas tão boas como foram esta de Abu Dhabi, a de Valencia, a do Canadá, etc.


segunda-feira, 8 de outubro de 2012

GP Japão 2012 - Suzuka: E agora Alonso?




O largo de Cingapura foi o azarado de Suzuka. Prejuízo grande para Alonso e a Ferrari. O espanhol não pode mais contar com a sorte e vai ter que mostrar reação. Se é que isso é possível, já que a Ferrari não parece mais ter carro para andar com Red Bull e McLaren. Alonso não vai ter que tirar leite de pedra e sim whisky Blue Label. Isso foi o grande acontecimento da prova.
Nos treinos evidenciava-se um duelo entre Red Bull e McLaren. Os brasileiros andaram bem nos treinos livres, mais rápidos que seus companheiros. Mas como sempre, nos treinos classificatórios, andaram mal e seus companheiros andaram bem. Bruno Senna foi claramente prejudicado por Jean Eric Vergne, da Toro Rosso, ficando de fora já no Q1, em 18º. Esbravejou gesticulou e sifu. Vergne foi punido com a perda de três posições. Com isso e mais as posições herdadas de Schumacher (que perdera 10 e caíra de 13º para 23º), subiu para 16º.
Massa que andou bem no Q3, ficando com a terceira marca, não passou do Q2. Ficou com o 11º tempo. Reclamou que andou bem com os pneus velhos e quando colocou os novos teve problemas de aderência (!?). Herdou a posição de Hulkenberg (Force India), também por troca de câmbio e largou em décimo.
O problema que seus companheiros foram novamente muito mais rápidos. Com punição de Button (troca de câmbio!), que tinha feito o terceiro tempo, Alonso largou em sétimo. Maldonado em 12º, também não passou do Q2.
Vettel fez sua 34º pole da carreira e passou Jim Clark e Prost, tornando-se o terceiro piloto com mais pole-positions, só perdendo para Schumacher (68) e Ayrton Senna (63). Colocou seu nome no pódio dos grandes da história. Webber foi segundo e confirmou a bom acerto da Red Bull para esta pista, uma das mais difíceis do campeonato. Das antigas, com curvas longas de raios variados. Começam abertas e fecham mais no final como as curvas 01 e 02. Entram de pé embaixo na 01 freando forte na segunda perna para entrar nos “S” da serpente. Qualquer erro ali o carro sai da pista. Tem também a Spoon, em forma de colher (daí o nome, em inglês), antes da reta oposta. Entra reduzindo de 7ª para 4ª, reduzindo para 3ª na segunda perna e acelerando e escorregando tudo para apoiar na zebra e entrar rasgando a reta que leva a 130R.  Ah, a 130R... A mais rápida da F1, sendo contornada a quase 310 km/h. Mas para fazer pé embaixo assim (alguns pilotos faziam com o DRS aberto, nos treinos!), é preciso estar com o acerto do carro perfeito e fazer perfeitamente a tangência da curva. Difícil... Só com steering wheel. No joystick é difícil.
Kobayashi herdou a terceira posição de Button, levando a japonesada ao delírio. Ao seu lado o temido Grosjean. Raikkonen e Button na terceira fila. Sérgio Pérez e Alonso na quarta fila. Fechando a quinta fila, Hamilton e Massa.
A corrida começou com tudo e pode ter sido crucial para o campeonato. Já na largada uma Ferrari sai rodando na curva 1. Na hora pensei que fosse o Massa. “O Alonso não ia abandonar na primeira curva duas vezes na mesma temporada” pensei. Aí vi o Felipe em quarto e não entendi nada. Com os replays foi ficando mais clara a confusão, que causou a entrada do Safety Car (lindo ver o Mercedão SLS AMG dando tudo na frente do pelotão). Alonso espremeu Raikkonen para fora na curva 01. A asa dianteira de Kimi tocou no pneu traseiro de Alonso e ele rodou, ficando de frente para os carros que vinham atrás. Grosjean tocou em Webber que saiu da pista. Webber ficou puto e chamou o francês/belga de “maluco da primeira volta”, hahahaha!


Bruno Senna tocou em Rosberg. Todos voltaram à prova. Somente Alonso não. Dava para ver por baixo do capacete a sua cara de “fudeu”. Vettel disparou na ponta, seguido por Kobayashi (que largou muito bem) e Button.
Massa largou muito bem. Arrancou na frente de Hamilton e passou ileso pelas confusões da primeira curva. Ainda se aproveitou para passar Perez, e Raikkonen e sair do quiproquó em quarto. Já teria feito muito, mas conseguiu mais ainda. Andando muito forte antes de seu primeiro pit-stop, conseguiu voltar dos boxes na frente de Kobayashi. Foi ajudado por uma ligeira demora na roda traseira esquerda de Kobayashi na sua parada, além de, tanto o japonês como o Button, voltaram dos pits atrás de carros mais lentos como as Toro Rosso, perdendo um bom tempo. Mas Felipe foi firme e preciso durante toda a corrida. Pode ter dado um passo gigante para confirmar a renovação de contrato. Mais uma vez impressionante observar como ele anda muito melhor sem o Alonso na pista.
A corrida não foi movimentadíssima, mas teve ótimos pegas e ultrapassagens. A maioria delas sem o uso do DRS.
A ultrapassagem mais bonita foi a de Pérez sobre Hamilton na freada do hairpin. Foi como nos games: mergulhou, travou as rodas seja o que Deus quiser. Pérez estava endiabrado desde o início da prova. Tentou passar Raikkonen por fora na curva 01 e saiu da pista. Depois do primeiro pit-stop, cruzou com Hamilton na pista de novo. No hairpin de novo ele abusou. Colocou por fora do Hamilton e tentou passá-lo. “Aí não, né Pérez?” pensou Hamilton e espalhou na curva. Pérez saiu da pista, rodou e afundou na brita. Folgou demais. Parecia querer se aparecer para a McLaren, sua equipe no ano que vem.
Hamilton foi discreto. Nos treinos livres andou muito rápido. Na classificação, em sua última volta, foi prejudicado por uma bandeira amarela (assim com Alonso) e não pôde melhorar seu tempo.
Mas na corrida ficou uma sensação de desmotivação, tipo, esperando o campeonato acabar. Parece que não vê a hora de sair da McLaren. No dia seguinte postou no Twitter que Button não o respeita por que não o segue na rede social. Cumé que é, cumpadi? Ficou chateado? Aí deve ter se tocado e pediu desculpas depois. Pois é...
A segunda ultrapassagem mais bonita foi a de Bruno Senna sobre o Grosjean. Por fora, a mais de 300 km/h na 130R, na marra, depois de um belo pega!
Teve também a saída de Box do Hamilton que saiu dividindo a primeira curva com Raikkonen, conquistando a posição. Também o pega do Schumacher com o Ricciardo, o de Hamilton com Pérez.
Em um circuito estreito e difícil os pilotos mostraram alto nível nas manobras, como uma freada forte de Schumacher no meio da curva 01, quase beijando a traseira do Ricciardo, algumas ultrapassagens na entrada da curva 01 e na entrada da Spoon, pontos críticos, feitos no limite da aderência.
A linda imagem em câmera super-lenta dos carros saltando sobre as zebras da chicane antes da reta dos boxes (onde Prost e Senna bateram em 1989) mostrava detalhadamente como os carros se contorciam. A maior parte do amortecimento é absorvida pelos pneus. A suspensão é muita rígida e os carros saltam mesmo.
No final Vettel venceu tranquilo, com mais de 20seg para Massa. O alemão causou apreensão na equipe voando nas últimas voltas para fazer a volta mais rápida e fechar o hat trick. Ou Grand Chelem, como preferir, quando se consegue pole, vitória e melhor volta. Vettel foi repreendido pelo seu engenheiro no rádio, que pedia para ele não se arriscar, mas foi em vão. Ele conseguiu. Agora, só quatro pontos a menos que Alonso, é ele quem coloca a mão na taça.
Massa comemorou muito sua volta ao pódio depois de 35 corridas (Coréia do Sul, 2010). Até se atrapalhou no pódio e derrubou a champanhe antes da comemoração.
Mas quem fez a festa mesmo foi a torcida japonesa, que gritava em coro: Kamu-i, Kamu-i, Kamu-i! O japonês andou rápido, foi firme e segurou a pressão de Button no final. Foi o segundo japonês a conseguir um pódio em casa, desde Aguri Suzuki, em 1990. Após o pódio, ele chegou a xavecar uma repórter que o entrevistava. Esse japonês é foda!

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Bomba na F1: Hamilton na Mercedes, Sérgio Pérez na McLaren, Schumacher se aposenta e Massa renova com a Ferrari.



Está para ser anunciada, nesta sexta-feira de manhã, a maior notícia da F1 2012: Hamilton deixa a McLaren e vai para a Mercedes na próxima temporada, no lugar de Michael Schumacher, que enfim se aposenta.
Hamilton está na McLaren desde quando corria de kart. Foi apadrinhado por Ron Denis e teve toda a sua carreira bancada pela equipe inglesa. Seria uma traição de Hamilton? Na verdade o relacionamento entre ambos já vinha arrefecendo desde o ano passado. Culminou neste ano com a McLaren se recusando a pagar o aumento salarial que Hamilton queria. A falta de títulos também colaborou para que se perdesse o encanto entre ambos. Desgaste natural (e financeiro).
Obviamente a McLaren não ficará na mão. Para o lugar de Hamilton outra grande notícia: o mexicano Sérgio Pérez. Suas boas atuações neste ano, mais o rio de dinheiro que ele carrega em patrocínios, foram determinantes nas negociações. Bancado pela Claro, apenas uma das empresas do também mexicano Carlos Slim, um dos homens mais ricos do mundo atualmente, Pérez ainda salva a McLaren com um patrocinador a altura da Vodafone, que deixa a equipe no final do ano.
Na verdade Pérez vinha negociando com a McLaren já faz algum tempo. Por isso Luca de Montezemolo, presidente da Ferrari, disse que o mexicano ainda era muito inexperiente para substituir Felipe Massa.
Isso também é ótima notícia para o brasileiro. A Ferrari deve anunciar em breve a renovação do seu contrato. Com grande influência de Alonso, que está tranquilo com um segundo piloto que não o incomoda.
A temporada do ano que vem promete com estas mudanças. Será que a Mercedes vai fazer um carro vencedor para Hamilton? Pérez conseguirá vencer logo de cara na McLaren? Massa vai andar melhor com o contrato e a confiança renovados? E Schumacher, o que vai fazer da vida? Correr na Stock car (rsrsrsrs)?

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

GP de Cingapura 2012: O largo!



A McLaren quebra. A Red Bull quebra. A Lotus quebra. A Mercedes quebra. Quando não quebram, batem.

A F1 voltou a ter surpresas em equipes de ponta. Há tempos não acontecia de carros quebrarem quando lideravam provas. Pareciam imbatíveis, mas agora, talvez devido ao enorme equilíbrio entre elas, a disputa mais acirrada esteja estressando engenheiros, mecânicos e pilotos.
Mas Alonso passa ao largo destas intempéries. Com uma sorte fora do comum, colhe preciosos pontos quando seus adversários quebram ou batem. A Ferrari de Alonso sequer suja durante as provas. Exceção somente ao GP da Bélgica, em Spa, devido ao strike de Grosjean. A Ferrari demonstra ter o carro mais confiável do grid, afinal, nem o carro de Felipe Massa apresenta problemas. Não é o melhor carro, longe disso, mas é o mais resistente. E Alonso é o piloto mais largo da história. Vai ganhar o título de brinde em uma bandeja, com este revezamento entre seus perseguidores diretos. Claro que o espanhol tem tido atuações soberbas como em Valência, Monza, mas a sorte tem sido o fator principal pela sua liderança folgada no mundial.
Em Cingapura, Alonso não fez nada além do feijão com arroz. Largou em quinto e permaneceu nesta posição, até começar as quebras dos adversários (Hamilton e Maldonado), abocanhando o pódio no final. Não atacou ninguém. Teve um pega legal contra Maldonado no início da prova, mas desistiu quando viu que teria que se arriscar muito para ultrapassá-lo. Está com uma mão na taça, mas a Ferrari precisa melhorar. Afinal McLaren e Red Bull não vão quebrar sempre.
A McLaren tem o melhor carro do Grid. Desde o GP da Alemanha, vem demonstrando ter um carro extremamente rápido em todo tipo de pista. Dominou e venceu na lenta e travada Hungaroring, na Hungria, com Hamilton cravando pole e vitória. Depois, teve um mês de folga e voltaram a dominar e vencer na desafiadora Spa, com suas curvas velozes, também com pole e vitória, só que desta vez com Jenson Button. Chegou a Monza e novamente dominou em uma pista com longas retas basicamente, pole e vitória de Hamilton de novo. E em Cingapura, uma pista de rua, noturna, Hamilton voou, até quebrar. Button chegou em segundo. Se pararem de quebrar podem dominar as próximas provas e apertar Alonso no final.
A Red Bull depende do talento de Vettel. Em pistas travadas, seu talento se sobressai e suplanta a falta de velocidade em retas e curvas rápidas. Porém, diferente da McLaren, somente Vettel tem constância. Webber se arrasta no meio do grid, com alguns poucos arroubos como em Mônaco e Silverstone. Em Cingapura, Vettel andou bem, mas não conseguiu lugar na primeira fila, que foi completada com Hamilton na pole e Maldonado em uma surpreendente segunda colocação. O alemão tomou a segunda posição de Maldonado na largada e se manteria lá caso Hamilton não quebrasse. Conseguiu uma vitória inesperada, mas muito bem vinda. Agora está a 29 pontos de Alonso, na segunda colocação.
Maldonado mais uma vez deu show em treino. Corrida de rua parece ser sua especialidade (apesar de ter batido seu Williams em uma barbeiragem cometida em uma exibição nas ruas de Caracas). Mas como está pressionado, acabou largando com muita cautela e perdeu duas posições na primeira curva. Segurou Alonso bravamente e caminhava tranquilo para um lugar no pódio até quebrar e entregar a terceira posição de graça para Alonso.
A Lotus não andou bem em Cingapura e correu para chegar. Grosjean teve que entregar a sexta posição para Raikkonen, mas ambos chegaram atrás de Di Resta (4º) e Rosberg (5º).
Massa, oitavo no final, andou muito bem. Largou bem como sempre, mas foi acertado por Petrov na largada e teve o seu pneu traseiro esquerdo furado. Trocou os pneus e voltou em último. Começou a voar na pista, mas estava muito atrás. Com a entrada do SC, duas vezes, conseguiu se aproximar e veio passando todo mundo, com duas lindas manobras, com Senna e Ricciardo. A ultrapassagem sobre Senna foi épica. No ponto mais apertado da pista, botou de lado e foi espremido no muro por Bruno. Freou bruscamente, a traseira escorregou e Felipe demonstrou enorme controle do carro ao evitar a batida e ainda conseguir a ultrapassagem. Foi o ponto alto da prova. Logo depois teve um bom duelo com Daniel Ricciardo, da Toro Rosso e fez uma bela ultrapassagem, dando um olé no australiano quando este tentava fechar-lhe a porta.
 Assim como Bruno Senna - que também largou muito bem e fazia boa prova de recuperação, agressiva, e chegaria em oitavo se não tivesse problemas no carro nas últimas voltas, obrigando-o a abandonar - os brasileiros mantém a sina de ter uma classificação péssima e fazer boa corrida depois. Precisam melhorar muito nos treinos, pois sempre largam no pelotão da merda e se envolvem em problemas. Em corrida ambos vão muito bem.
A prova teve outros destaques como a batida de Schumacher, enchendo a traseira de Jean Eric Vergne, da Toro Rosso. Vergne tentava ultrapassar Kobayashi por fora e ambos tiveram que frear mais que o normal. Schumacher vinha babando tentando se aproveitar do entrevero e não conseguiu frear. Alegou que tinha problemas de freios. Aham! Sua cara mostrava seu constrangimento pela barbeiragem que causou a segunda entrada do safety car. Schumacher foi punido com dez posições no grid do Japão.


As Sauber não se acertaram em Cingapura. Não se classificaram bem e desta vez a estratégia de Perez não funcionou. Mas se envolveram em ótimos pegas, com Nico Hulkenberg e Webber. Sergio Perez se empolgou com a ultrapassagem de Massa sobre Senna e tentou fazer o mesmo com Hulkenberg, no mesmo ponto. Encontraram-se e Perez perdeu um pedaço da asa sem maiores consequências.
Voltas depois Webber x Kobayashi em um belo duelo, roda a roda. Webber passou e Hulkenberg se aproveitou para passar também o japonês. Arrancou a asa do japonês. Bela manobra do Webber, mais foi punido depois da corrida em 20seg por passar o japa fora da pista. Sacanagem! Perez foi ainda mais safo e passou os dois, Hulkenberg e Kobayashi.
Logo após Webber fez outra bela ultrapassagem sobre Ricciardo, igual à de Felipe Massa, com olé, no mesmo ponto.
Aí a prova esfriou.
Bruno Senna deu um raspadão (mais um) na barreira de proteção, na volta 50, mas desta vez não danificou o carro.
Depois Webber passou fácil por Bruno Senna, que já apresentava problemas de câmbio (já perdera a primeira marcha ainda no início da corrida) e acabou abandonando na última volta, quando já estava fora dos pontos.
No final Vettel venceu pela segunda vez no ano e se torna o piloto da vez para buscar Alonso.
Tarefa difícil, mas não impossível. Precisa melhorar seu carro em circuitos de curvas velozes. Exatamente a característica da próxima prova: Suzuka, no Japão.

sábado, 15 de setembro de 2012

Toyota derruba o favoritismo da Audi e conquista vitória histórica nas 6hs de São Paulo em Interlagos


A Audi domina amplamente as corridas de longa duração. Com seus lindos protótipos híbridos, já garantiu o campeonato de construtores do FIA WEC (World Endurance Championship – Campeonato Mundial de Endurance da FIA) com quatro provas de antecipação. Mas hoje, em Interlagos, a história foi diferente. A Toyota, que estreou com equipe oficial este ano nas 24 horas de Le Mans, em junho, dominou toda a corrida e conquistou uma vitoria histórica. Foi apenas a terceira corrida deste carro. Correndo em dupla com Alexander Wurz, ex-piloto de F1 e Nicolas Lapierre, largou na pole e venceu de ponta a ponta, não dando chances para os dois carros da Audi.
Pela primeira vez no Brasil com este novo campeonato (antes, quando era Le Mans Series, correu aqui em 2007, mas a Audi não veio e a Toyota não tinha equipe oficial, deixando o domínio para a Peugeot), a 6hs de São Paulo foi uma empreitada de sucesso do nosso saudoso Emerson Fittipaldi, responsável por trazer estes carros maravilhosos para correr na nossa lendária pista de Interlagos.
A Audi era franca favorita. Com seus E-Tron Quattro e Ultra e os excelentes pilotos André Lotterer, Marcel Fässler e Benoît Tréluyer, bicampeões das 24hs de Le Mans, com o E-Tron e os lendários Tom Kristensen, Allan McNish, junto com o brasileiro convidado (e ex-F1) Lucas Di Grassi no Ultra, máquinas que venceram todas as provas desta temporada, esperava-se mais um passeio dos silenciosos e modernos carros que mais parecem naves espaciais. É impressionante ver estes protótipos rasgando as retas sem berrar como carros de corridas normais. Ouve-se somente um assovio forte que chega a assustar. São bólidos movidos a diesel, com o já conhecido kers utilizado na F1. Mas no Audi E-Tron ele aciona um segundo motor elétrico que aciona o eixo dianteiro e trabalha junto com o motor principal com tração traseira. Já o Audi Ultra, em que correu Di Grassi, utiliza um motor à diesel com tração nas quatro rodas, mas sem o motor que aciona o eixo dianteiro. Só possui o kers normal, como o da F1, que dá de 60 a 120 cv de potência a mais no motor em determinados trechos da pista.
Nos treinos, o Audi Ultra, menos avançado, ficou à frente do Audi E-Tron, graças a Lucas Di Grassi, que conseguiu o segundo tempo, deixando o favorito E-Tron em terceiro. A escolha de Di Grassi para o treino classificatório foi pelo seu conhecimento da pista. Andou bem Di Grassi, mas a Toyota surpreendeu. Talvez por Interlagos não ter retas muito longas, o carro híbrido da Toyota (motor a gasolina, kers e tração nas quatro) se adaptou melhor ao relevo diferenciado de Interlagos e cravou a pole com Alexander Wurz, outro que já conhecia o traçado dos tempos de F1.
Mesmo com este desempenho impressionante da Toyota, imaginava-se que os Audi seriam mais econômicos e fariam de uma a duas paradas a menos. Porém a Toyota voou e mesmo com um pit stop a mais, abriu diferença confortável para chegar na frente e vencer de forma convincente. O chefe de equipe foi às lágrimas e toda a equipe comemorou muito. Em segundo chegou o Audi E-Tron e em terceiro o Audi Ultra, com Di Grassi conduzindo na parte final.


A corrida foi muito boa. Longe de ser monótona, houve disputa durante todas as seis horas de prova, em todas as categorias que são a LMP1 dos Audi, Toyota, Lotus e outros protótipos abertos e fechados, com motores especiais desenvolvidos para competição, a LMP2 com protótipos também abertos e fechados, mas com motores derivados de produção normal, a GTE Pro, com carros esportivos e pilotos profissionais como Ferrari 458, Corvette, Porsche 911 e Aston Martin e por fim a GTE AM com os mesmos carros da GTE PRO, mas com potência um pouco mais limitada e pilotos, digamos, menos profissionais, ou gentleman drivers.
E os pegas foram intensos. Foi lindo ver as Ferrari se pegando com os Aston Martin, os Corvettes com os Porsches, todos eles atrapalhando os pilotos das categorias superiores (neste campeonato os retardatários e os carros de categorias inferiores não são obrigados a dar passagem para os líderes de categorias superiores). E tome esbarrão, pilotos de GTE jogando protótipos pra grama. Todos comemoram muito no final. Os carros terminam no bagaço, imundos, ralados, amassados, faltando pedaço. Só de conseguir chegar ao final já é motivo de comemoração. É comum ver carros sendo remontados nos boxes e retornarem muitas voltas depois só para terminar a corrida.


Além de Lucas Di Grassi, outros brasileiros participaram da prova. Fernando Rees correu e venceu na categoria GTE AM, dividindo o Corvette da equipe Larbre com Patrick Bornhauser e Julien Canal. Fernando Rees corre o campeonato todo e é piloto oficial da equipe. Houve também uma equipe brasileira, na GTE AM, correndo com Ferrari 458 com os pilotos Xandy Negrão, Francisco Longo e Henrique Bernoldi, outro ex-F1. Chegaram em quarto em sua categoria.
Outro famoso piloto de F1 que participou foi Giancarlo Fisichella, que venceu na categoria GTE PRO com Ferrari 458, junto do piloto Gianmaria Bruni.


Também teve alguns pilotos conhecidos como o ex- F1 Vitantônio Liuzzi, Nicolas Prost, filho do lendário Alain Prost, Olivier Beretta, Neel Jani, Stefani Sarrazin, David Brabham, Karun Chandhock (mais um ex-F1), Bertrand Baguette (ex-Indy) e a única mulher da prova, a japonesa Keiko Ihara.
Foi um espetáculo inesquecível e não poderia deixar de dar os parabéns para o canal Sportv, que transmitiu a prova toda, sem cortes, numa demonstração de respeito ao telespectador fã de automobilismo.
O campeonato ainda terá mais três provas: Bahrein, Japão e China.
A etapa brasileira está acertada para os próximos quatro anos. Esperamos que nos próximos, o público seja melhor. Mais promoção e divulgação, além de ingressos mais baratos, podem ajudar. Já o espetáculo, está garantido.



domingo, 9 de setembro de 2012

GP da Itália - Monza parte 2: Não contavam com minha astúcia!


Tudo caminhava para uma festa maior para os Tiffosi. Alonso em segundo e Massa em terceiro, as duas Ferrari no pódio, Vettel fora, Button também. Hamilton estava muito á frente, mas vai que, né? Alonso fez uma ótima corrida, largou em décimo, veio passando todo mundo, travou (e venceu) um belo duelo com Vettel, demonstrou tremenda habilidade ao ser empurrado por Vettel e colocar as quatro rodas na grama na veloz curva grande, sem rodar, enfim, demonstrou que realmente tinha carro para largar na pole e vencer. Foi o cara da corrida? Não...
Sérgio Perez, o Chapolin Colorado, é quem foi o cara! Largou ainda mais atrás de Alonso, em 12º, e fez uma estratégia arriscada de partir com pneus duros, parando mais no final da prova e partir para o ataque de pneus médios quando todos estariam de pneus duros. Talvez essa estratégia não desse certo com Massa, Bruno Senna, Kobayashi (nunca dá com eles), mas com Perez sempre dá. O cara senta a bota e mostra um arrojo, uma precisão que nem todos demonstram na F1. Talvez somente Alonso e Hamilton consigam atingir nível igual. E não foi a primeira vez que o mexicano fez isso. Lembra-se de seu segundo lugar “induzido” na Malásia? Também tinha estratégia arrojada e partiu para cima de Alonso no final da corrida quando teve a concentração atrapalhada pelo seu engenheiro: “precisamos muito destes pontos”, disse. Aí Perez se desconcentrou e errou, justo quando se preparava para ultrapassar Alonso, Manda-Chuva da Ferrari, que é madrinha de Perez...
Hoje Perez voou com pneus médios e passou fácil por Raikkonen, Massa e Alonso. Claro que Alonso comemorou, afinal, quando chegou à Itália, tinha Vettel a 24 pontos atrás, mas agora o segundo colocado do campeonato é Hamilton, a 37 pontos. Mas se a Ferrari não tivesse pedido para Massa entregar a posição para Alonso (por mais que seja do jogo acho horrível isso), eles poderiam estar mais rápidos, disputando um com outro e talvez garantisse os dois carros no pódio. Isto mostra que a Ferrari não é um time. É Alonso somente. E foda-se o resto. Não pensa nos dois pilotos do time, só em Alonso, em uma prostração ridícula a um único piloto, coisa que nenhuma outra equipe demonstra. E outra, Alonso é um pilotaço que não precisa destas esmolas, pode se virar sozinho, mas suas atitudes de chorão, chiliquento, tipo aquele moleque da rua é o dono da bola e só ele quer brincar, só contribui para aumentar sua fama de arrogante e aumentar a legião de torcedores que o detestam. Deu chilique quando Vettel o espremeu para fora da pista, se esquecendo de que fez o mesmo contra Vettel, exatamente na mesma pista e no mesmo local, no ano passado.
E Felipe ouviu a frase de novo. Só que eles mudaram o conteúdo: “Alonso está 0,9 seg. atrás de você e pode usar o DRS”. Bom pelos menos garantiria o pódio. Mas chegou em quarto. Massa largou muito bem, como eu previa, e poderia ter arriscado a passar Hamilton, além de Button, na primeira curva, apesar do desespero e o medo do Galvão Bueno. Não arriscou. Mas mesmo assim fazia uma ótima corrida. Não tão boa quanto a de Alonso, mas estava mais rápido que espanhol quando teve que ceder sua posição. De qualquer forma, creio, recuperou boa parte de sua autoestima hoje, pois viu que pode andar no ritmo de Alonso. Acho que renova com a Ferrari, por que duvido que Alonso aceite um piloto mais combativo como companheiro de equipe. Tem que ser um piloto rápido só que não vá pra cima dele. Como disse Button, se pudesse, Alonso nem teria companheiro de equipe.
Hamilton venceu de ponta a ponta sem dar chance a ninguém, assim como fez Button na Bélgica.
Vettel, além de punido com um drive-trough, ainda teve um problema no motor que o obrigou a abandonar. Webber foi novamente um fiasco hoje. Não passou ninguém, errou muito, rodou sozinho e foi para o box abandonando a corrida, para completar o desastre da Red Bull.
Bruno Senna fez uma corrida combativa mas sofreu por falta de precisão nas manobras, como na disputa com Paul Di Resta,quando forçou por fora e foi espremido. Reclamou, gesticulou, mas poderia ter esperado e embutido na traseira, para passar na reta após a segunda perna de Lesmo com a asa aberta. Precisa se concentrar mais. Ainda assim ganhou mais um pontinho, demonstrando superioridade ao seu companheiro Maldonado, que não fez muita coisa hoje. Nem besteira. Ao menos chegou próximo de Senna que largou nove posições a sua frente e passou aqueles que ele tinha a obrigação de passar.
Raikkonen fez uma corrida discreta, assim como Schumacher e não repetiram os duelos da última corrida em Spa, chegando em quinto e sexto respectivamente. Rosberg fez a melhor volta da corrida e chegou em sétimo, sempre atrás de Schumacher. As Force India também não fizeram uma corrida muito entusiasmante, com Hulkenberg abandonando e Di Resta chegando em oitavo. Kamui Kobayashi, o japonês voador (será que ainda é?), levou pau de Perez novamente e chegou somente em nono. Bruno Senna fechou os dez primeiros.
A F1 deixa a fase europeia com Alonso colocando uma mão na taça. Além de excelentes exibições, tem muita sorte o espanhol.
Agora é esperar as provas da Ásia e América (Cingapura, Coréia, índia, Abu Dhabi, Japão, Estados Unidos e Brasil) para ver se alguém ainda é capaz de batê-lo. A McLaren mostrou que realmente tem o melhor carro desta segunda fase. Mas agora já pode ser tarde.


sábado, 8 de setembro de 2012

GP da Italia - Monza parte 1: Até que enfim Massa!

A quanto tempo Felipe não sorria assim...

Hamilton e Button na primeira fila não foram novidade para ninguém. O grande destaque do treino classificatório foi a terceira posição de Massa e a décima colocação de Alonso. Felipe finalmente andou bem durante todo um fim de semana de F1 (até aqui). Sempre próximo de Alonso, conseguiu-se manter também à frente de carros geralmente mais rápidos que ele como a Lotus de Raikkonen, as Mercedes e as Sauber.
A verdade é que Monza é um circuito sem grandes desafios. É basicamente reta e chicane, com somente três curvas de verdade: a parabólica e as duas pernas da curva de Lesmo. E mesmo estas são simples de fazer. É por isso que em todo game de corrida esta pista está sempre presente, geralmente como a primeira disponível. A pequena diferença nos tempos (menos de um segundo de 1º para o 14º) comprova isso. Portanto o braço do piloto não faz tanta diferença assim. Chego a pensar que os pentelhésimos de segundo de diferença são mais um caso de sorte, vento de cauda, poeira na pista do que diferença de habilidade.
Surpresa mesmo, na verdade, foi a décima colocação de Alonso. Alegou que quebrou a barra estabilizadora da suspensão. Chegou a desdenhar do tempo de Hamilton, dizendo faria a pole fácil, se não tivesse problema. Mas na primeira tentativa do Q3 ele errou. Será que quebrou a barra mesmo? É muito raro ver um erro de Alonso, mas muito mais raro é ele admitir um erro.
Alonso dominou o Q1 e Q2, portanto é certo que se não errasse, quer dizer, se não tivesse “problemas com a barra” largaria no mínimo em terceiro. Seu tempo no Q1, 1min24seg175 lhe garantiria o terceiro posto.
NO Q1 as Marússia, Hispania e Caterham, como sempre foram eliminadas. Fez companhia a eles Nico Hulkenberg da Force India que teve um problema na bomba de gasolina de seu carro logo na primeira tentativa de volta rápida, ficando sem tempo marcado. Largará em último e será legal observar sua corrida de recuperação, já que tem um motor Mercedes que se mostrou o mais veloz nas longas retas de Monza.
No Q2 a briga foi feia entre Williams, Red Bull, Sauber, Toro Rosso e a Lotus de Jerome Dambrosio (que substitui o punido Romain Grosjean pela lambança na largada do GP da Bélgica) para ver quem passaria ao Q1. Destes, somente Vettel e Kobayashi passaram, deixando Webber, Maldonado, Perez, Senna, Ricciardo, Dambrosio e Vergne (nesta ordem) pra trás. Como Maldonado teve que cumprir punição, perdendo 10 posições também por lambança na Bélgica, largará em 22º e de Perez para cima todos sobem uma posição.
No Q3, Hamilton logo mostrou que é um dos pilotos mais rápidos do grid (quando usa a asa certa, rsrs) e tomou a pole, com 1min24seg010. Massa ficou um bom tempo em segundo com 1min24seg247, até Button fazer 1min24seg133 e fechar a primeira fila para a McLaren. Paul Di Resta fez um ótimo quarto tempo (olha o motor Mercedes aí de novo), mas como teve que trocar o câmbio, perdeu cinco posições e vai largar em nono, ao lado de Alonso. Assim, em quarto ficou Schumacher que tem sido constantemente mais rápido que seu companheiro de equipe Rosberg, que ficou em sexto (Novamente Mercedes, carro e motor). Entre eles, em quinto, ficou Vettel, que começa a se distanciar de Webber na briga interna da Red Bull. Em sétimo ficou Raikkonen (esperava mais dele e da Lotus, mas o motor Renault não ajuda muito em retas) e Kobayashi, o japonês voador, em oitavo.
Massa não tem carro para vencer as McLaren amanhã, mas como geralmente larga bem, pode pular na frente e movimentar a corrida nas voltas iniciais. Uma eventual, mas improvável, vitória sua amanhã ajudaria muito na renovação do contrato com a Ferrari, apesar de Lucca di Montezemolo, presidente da Ferrari, declarar que não o garantia na equipe nem com esta vitória, em entrevista concedida após o treino. Mas, muito mais que isso, serviria para ele recuperar sua autoestima, que tem sido o seu grande problema desde que Alonso chegou à equipe. Porém é bem possível garantir o pódio amanhã, já que Alonso terá carros velozes com motores Mercedes à sua frente. Por que, caso Alonso consiga uma recuperação e chegue a estar atrás de Massa, uma frase famosa será ouvida no rádio de Felipe...
As Mercedes devem pressionar Massa, mas as possibilidades de o resultado final da prova seguir o da classificação, entre os três primeiros, são grandes.
De Bruno Senna, nada de muito otimismo e se conseguir atingir a zona de pontuação estará no lucro. Seu discurso após a classificação foi o mesmo de sempre: faltou um pouquinho na volta, no carro...
Previsão de corrida bem disputada amanhã, com grandes retas e uso e abuso de DRS e Kers. A ver.