terça-feira, 19 de junho de 2012

GP do Canadá


O plano era sair domingo cedo. Queria assistir a corrida em casa. Feriado de quatro dias, estradas cheias, motoristas inexperientes fazendo todo tipo de m... Tínhamos que retornar cedo à São Paulo. Não poderia perder a corrida. Afinal, depois de um GP de Mônaco modorrento como sempre (exceção a excelente corrida do ano passado), a expectativa para Montreal era grande.
Ah, Montreal! Circuito Gilles Villeneuve! Nome muito propício para um circuito fantástico. Montado na Ilha de Notre Dame, construída especialmente para as Olimpíadas de 1976, é uns dos circuitos antigos que dá mais prazer de pilotar. Ao lado de Interlagos, Spa, Mônaco e Suzuka combinam os fatores que desafiam os pilotos, onde o piloto consegue participar com pelo menos uns 20% no desempenho do carro (em algumas pistas a proporção é 90% carro e 10% piloto). Curvas de alta, chicanes agressivas onde os carros devoram as zebras e saltam de um lado ao outro, buscando passar cada vez próximo do muro, até raspar para encontrar o limite. Como no famoso muro dos campeões na entrada da reta de chegada, que tem esse nome por receber bagaçadas de ilustres como Michael Schumacher, Jacques Villeneuve (o filho) e que neste ano, dentre os que deram ali, um sobrinho de campeão. Nos treinos ele entrou de lado na primeira perna da chicane e ao tentar controlar deu traseira no dito cujo, arrebentando o carro do lado direito. Se ele estivesse girando bons tempos seria perdoável, mas Bruno só se arrastou durante todo o fim de semana.
O treino classificatório, aliás, foi disputadíssimo. Em todos os “Qs” a pole mudava de posição a cada carro que passava na linha de chegada por pentelhésimos de segundo.  No Q2 a diferença entre o 1º e o 16º não passou de 01 segundo. No Q3 todos os 10 ficaram dentro de um segundo.

1
Sebastian VETTEL
ALE
Red Bull Renault
1:13.784
2
Lewis HAMILTON
ING
McLaren Mercedes
1:14.087
3
Fernando ALONSO
ESP
Ferrari
1:14.151
4
Mark WEBBER
AUS
Red Bull Renault
1:14.346
5
Nico ROSBERG
ALE
Mercedes
1:14.411
6
Felipe MASSA
BRA
Ferrari
1:14.465
7
Romain GROSJEAN
FRA
Lotus Renault
1:14.645
8
Paul DI RESTA
ESC
Force India Mercedes
1:14.705
9
Michael SCHUMACHER
ALE
Mercedes
1:14.812
10
Jenson BUTTON
ING
McLaren Mercedes
1:15.182
11
Kamui KOBAYASHI
JAP
Sauber Ferrari
1:14.688
12
Kimi RÄIKKÖNEN
FIN
Lotus Renault
1:14.734
13
Nico HÜLKENBERG
ALE
Force India Mercedes
1:14.748
14
Daniel RICCIARDO
AUS
Toro Rosso Ferrari
1:15.078
15
Sergio PÉREZ
MEX
Sauber Ferrari
1:15.156
16
Bruno SENNA
BRA
Williams Renault
1:15.170
17
Pastor MALDONADO
VEN
Williams Renault
1:15.231
18
Heikki KOVALAINEN
FIN
Caterham Renault
1:16.263
19
Vitaly PETROV
RUS
Caterham Renault
1:16.482
20
Jean-Éric VERGNE
FRA
Toro Rosso Ferrari
1:16.602
21
Pedro DE LA ROSA
ESP
HRT Cosworth
1:17.492
22
Timo GLOCK
ALE
Marussia Cosworth
1:17.901
23
Charles PIC
FRA
Marussia Cosworth
1:18.255
24
Narain KARTHIKEYAN
IND
HRT Cosworth
1:18.330

TEMPO 107%
Q1

1:19.887

































Massa, como sempre tomou de Alonso, apesar de andar muito próximo o fim de semana todo e Bruno Senna teve um fim de semana para esquecer. Tá meio desconcentrado com a sombra de Maldonado, que tem sido constantemente mais rápido. Foi de Maldonado a cena mais bacana do treino:



                          


A corrida

A expectativa de uma largada movimentada deixava o momento tenso. Tensão explícita na cara dos chefes de equipe, principalmente de Adrian Newey, criador dos Red Bull.
Porém a largada foi tranquila. Todos mantiveram suas posições. Vettel manteve a ponta e abriu na frente. Rosberg tentou por fora de Webber na primeira chicane e não conseguiu, ficando vulnerável para Massa. Esse foi o principal momento do início da corrida. Massa atacou agressivamente Rosberg que se defendeu ferozmente por duas voltas, até Massa aproveitar o vácuo e o kers na reta para passar e abrir. Rosberg foi ficando para trás com seus pneus precocemente gastos.
Mas na volta seguinte Massa rodou sozinho na primeira curva e perdeu várias posições. Massa não é um piloto de recuperação. Parece que quando algo dá errado ele desanima. Contrário de Alonso que sempre procura ser rápido até a última volta, não importa a posição que estiver. A expressão de Felipe e sua frase para definir seu erro, na entrevista no final da corrida, diz tudo sobre sua situação: “Na verdade, fiz uma grande m...! Peço desculpas ao time pelo meu erro!” Fica claro que ele está ciente que isto só serviu para aumentar ainda mais a gigantesca pressão que vem sofrendo.
Bruno Senna não fez nada e chegou em 17º. Atrás de Maldonado que havia sido punido, largou atrás dele e chegou à sua frente. Sem comentários. Maldonado também não vem conseguindo repetir o desempenho que tinha até sua espetacular vitória na Espanha. Parte por ele e parte por o carro não ter evoluído e já não ter um desempenho parelho com as equipes de ponta.
O meio da corrida foi chato, como disse Jacques Villeneuve na entrevista na TV. Somente nas primeiras paradas houve agito. Vettel perdeu a liderança para Hamilton, que perdeu para Alonso, em um ótimo trabalho de Box da Ferrari e destreza do piloto. Alonso acelerou tudo e mais um pouco na saída dos boxes e tomou a ponta de Hamilton que vinha abrindo a segunda volta dos pneus. Hamilton, claro atacou Alonso. Opa, agora a corrida vai esquentar, pensei. Mas Alonso, definitivamente não é de briga. Hamilton passou com certa facilidade e abriu. Vettel se manteve em terceiro.
Hamilton parou mais uma vez para trocar pneus e voltou em quinto, crente que Vettel e Alonso também parariam. Foi quando foi avisado pelo rádio que Alonso talvez não parasse mais. Aí começou a acelerar. Estava a 16 segundos de Alonso e faltavam dez voltas. Faltando Cinco ele colou e passou fácil Vettel que, sem pneus, não ofereceu resistência. Duas voltas depois passou Alonso e voltou à ponta. Vettel foi pros boxes e Alonso continuou na pista. Faltando duas voltas, os pneus de Alonso acabaram em definitivo e começou a perder posições. Perdeu para Grosjean (2º), para Peres (3º) e até para Vettel (4º), chegando em quinto no final. Massa também tentou esticar a durabilidade dos pneus e perdeu várias posições, sendo obrigado a parar para mais um troca chegando em décimo. Senna chegou em 17º. Precisa melhorar urgente.
Hamilton foi o sétimo vencedor em sete etapas e fez uma bela corrida, comemorando muito no final e comparando com sua primeira vitória, exatamente neste circuito, em 2007 seu ano de estréia. O pódio foi dos mais alegres, pois Romain Grosjean (Lotus) em 2º e Sérgio Perez (Sauber) em 3º chegaram mais longe que esperavam, diferente de alguém que achava que poderia ter ganho e não se contentou com o pódio.
A corrida não foi das melhores mas teve lá suas disputas e raspadas no muro dos campeões. Já a próxima, nas ruas de Valência, Espanha, não desperta muita expectativa. E eu começo a treinar nela virtualmente nesta semana. Até que para pilotar não é ruim.
Esperamos por um oitavo vencedor diferente nesta temporada que tem sido uma das mais espetaculares de todos os tempos. Ainda faltam mais disputas, mas a receita de kers, asa móvel (a do Schumacher travou aberta durante a corrida e ele teve que abandonar) e pneus com desgaste imprevisível tem colaborado para este cenário. Só falta os brasileiros entrarem nesta festa. Basta acelerar e se concentrar somente nisto. Acelerar, comparar com o companheiro de equipe, treinar no simulador e acelerar sem dó, medo ou piedade.
Caso tenham ficado com preguiça de ler, segue abaixo um ótimo resumo da corrida em vídeo.
Até a próxima.