segunda-feira, 8 de outubro de 2012

GP Japão 2012 - Suzuka: E agora Alonso?




O largo de Cingapura foi o azarado de Suzuka. Prejuízo grande para Alonso e a Ferrari. O espanhol não pode mais contar com a sorte e vai ter que mostrar reação. Se é que isso é possível, já que a Ferrari não parece mais ter carro para andar com Red Bull e McLaren. Alonso não vai ter que tirar leite de pedra e sim whisky Blue Label. Isso foi o grande acontecimento da prova.
Nos treinos evidenciava-se um duelo entre Red Bull e McLaren. Os brasileiros andaram bem nos treinos livres, mais rápidos que seus companheiros. Mas como sempre, nos treinos classificatórios, andaram mal e seus companheiros andaram bem. Bruno Senna foi claramente prejudicado por Jean Eric Vergne, da Toro Rosso, ficando de fora já no Q1, em 18º. Esbravejou gesticulou e sifu. Vergne foi punido com a perda de três posições. Com isso e mais as posições herdadas de Schumacher (que perdera 10 e caíra de 13º para 23º), subiu para 16º.
Massa que andou bem no Q3, ficando com a terceira marca, não passou do Q2. Ficou com o 11º tempo. Reclamou que andou bem com os pneus velhos e quando colocou os novos teve problemas de aderência (!?). Herdou a posição de Hulkenberg (Force India), também por troca de câmbio e largou em décimo.
O problema que seus companheiros foram novamente muito mais rápidos. Com punição de Button (troca de câmbio!), que tinha feito o terceiro tempo, Alonso largou em sétimo. Maldonado em 12º, também não passou do Q2.
Vettel fez sua 34º pole da carreira e passou Jim Clark e Prost, tornando-se o terceiro piloto com mais pole-positions, só perdendo para Schumacher (68) e Ayrton Senna (63). Colocou seu nome no pódio dos grandes da história. Webber foi segundo e confirmou a bom acerto da Red Bull para esta pista, uma das mais difíceis do campeonato. Das antigas, com curvas longas de raios variados. Começam abertas e fecham mais no final como as curvas 01 e 02. Entram de pé embaixo na 01 freando forte na segunda perna para entrar nos “S” da serpente. Qualquer erro ali o carro sai da pista. Tem também a Spoon, em forma de colher (daí o nome, em inglês), antes da reta oposta. Entra reduzindo de 7ª para 4ª, reduzindo para 3ª na segunda perna e acelerando e escorregando tudo para apoiar na zebra e entrar rasgando a reta que leva a 130R.  Ah, a 130R... A mais rápida da F1, sendo contornada a quase 310 km/h. Mas para fazer pé embaixo assim (alguns pilotos faziam com o DRS aberto, nos treinos!), é preciso estar com o acerto do carro perfeito e fazer perfeitamente a tangência da curva. Difícil... Só com steering wheel. No joystick é difícil.
Kobayashi herdou a terceira posição de Button, levando a japonesada ao delírio. Ao seu lado o temido Grosjean. Raikkonen e Button na terceira fila. Sérgio Pérez e Alonso na quarta fila. Fechando a quinta fila, Hamilton e Massa.
A corrida começou com tudo e pode ter sido crucial para o campeonato. Já na largada uma Ferrari sai rodando na curva 1. Na hora pensei que fosse o Massa. “O Alonso não ia abandonar na primeira curva duas vezes na mesma temporada” pensei. Aí vi o Felipe em quarto e não entendi nada. Com os replays foi ficando mais clara a confusão, que causou a entrada do Safety Car (lindo ver o Mercedão SLS AMG dando tudo na frente do pelotão). Alonso espremeu Raikkonen para fora na curva 01. A asa dianteira de Kimi tocou no pneu traseiro de Alonso e ele rodou, ficando de frente para os carros que vinham atrás. Grosjean tocou em Webber que saiu da pista. Webber ficou puto e chamou o francês/belga de “maluco da primeira volta”, hahahaha!


Bruno Senna tocou em Rosberg. Todos voltaram à prova. Somente Alonso não. Dava para ver por baixo do capacete a sua cara de “fudeu”. Vettel disparou na ponta, seguido por Kobayashi (que largou muito bem) e Button.
Massa largou muito bem. Arrancou na frente de Hamilton e passou ileso pelas confusões da primeira curva. Ainda se aproveitou para passar Perez, e Raikkonen e sair do quiproquó em quarto. Já teria feito muito, mas conseguiu mais ainda. Andando muito forte antes de seu primeiro pit-stop, conseguiu voltar dos boxes na frente de Kobayashi. Foi ajudado por uma ligeira demora na roda traseira esquerda de Kobayashi na sua parada, além de, tanto o japonês como o Button, voltaram dos pits atrás de carros mais lentos como as Toro Rosso, perdendo um bom tempo. Mas Felipe foi firme e preciso durante toda a corrida. Pode ter dado um passo gigante para confirmar a renovação de contrato. Mais uma vez impressionante observar como ele anda muito melhor sem o Alonso na pista.
A corrida não foi movimentadíssima, mas teve ótimos pegas e ultrapassagens. A maioria delas sem o uso do DRS.
A ultrapassagem mais bonita foi a de Pérez sobre Hamilton na freada do hairpin. Foi como nos games: mergulhou, travou as rodas seja o que Deus quiser. Pérez estava endiabrado desde o início da prova. Tentou passar Raikkonen por fora na curva 01 e saiu da pista. Depois do primeiro pit-stop, cruzou com Hamilton na pista de novo. No hairpin de novo ele abusou. Colocou por fora do Hamilton e tentou passá-lo. “Aí não, né Pérez?” pensou Hamilton e espalhou na curva. Pérez saiu da pista, rodou e afundou na brita. Folgou demais. Parecia querer se aparecer para a McLaren, sua equipe no ano que vem.
Hamilton foi discreto. Nos treinos livres andou muito rápido. Na classificação, em sua última volta, foi prejudicado por uma bandeira amarela (assim com Alonso) e não pôde melhorar seu tempo.
Mas na corrida ficou uma sensação de desmotivação, tipo, esperando o campeonato acabar. Parece que não vê a hora de sair da McLaren. No dia seguinte postou no Twitter que Button não o respeita por que não o segue na rede social. Cumé que é, cumpadi? Ficou chateado? Aí deve ter se tocado e pediu desculpas depois. Pois é...
A segunda ultrapassagem mais bonita foi a de Bruno Senna sobre o Grosjean. Por fora, a mais de 300 km/h na 130R, na marra, depois de um belo pega!
Teve também a saída de Box do Hamilton que saiu dividindo a primeira curva com Raikkonen, conquistando a posição. Também o pega do Schumacher com o Ricciardo, o de Hamilton com Pérez.
Em um circuito estreito e difícil os pilotos mostraram alto nível nas manobras, como uma freada forte de Schumacher no meio da curva 01, quase beijando a traseira do Ricciardo, algumas ultrapassagens na entrada da curva 01 e na entrada da Spoon, pontos críticos, feitos no limite da aderência.
A linda imagem em câmera super-lenta dos carros saltando sobre as zebras da chicane antes da reta dos boxes (onde Prost e Senna bateram em 1989) mostrava detalhadamente como os carros se contorciam. A maior parte do amortecimento é absorvida pelos pneus. A suspensão é muita rígida e os carros saltam mesmo.
No final Vettel venceu tranquilo, com mais de 20seg para Massa. O alemão causou apreensão na equipe voando nas últimas voltas para fazer a volta mais rápida e fechar o hat trick. Ou Grand Chelem, como preferir, quando se consegue pole, vitória e melhor volta. Vettel foi repreendido pelo seu engenheiro no rádio, que pedia para ele não se arriscar, mas foi em vão. Ele conseguiu. Agora, só quatro pontos a menos que Alonso, é ele quem coloca a mão na taça.
Massa comemorou muito sua volta ao pódio depois de 35 corridas (Coréia do Sul, 2010). Até se atrapalhou no pódio e derrubou a champanhe antes da comemoração.
Mas quem fez a festa mesmo foi a torcida japonesa, que gritava em coro: Kamu-i, Kamu-i, Kamu-i! O japonês andou rápido, foi firme e segurou a pressão de Button no final. Foi o segundo japonês a conseguir um pódio em casa, desde Aguri Suzuki, em 1990. Após o pódio, ele chegou a xavecar uma repórter que o entrevistava. Esse japonês é foda!