
O largo de Cingapura foi o
azarado de Suzuka. Prejuízo grande para Alonso e a Ferrari. O espanhol não pode
mais contar com a sorte e vai ter que mostrar reação. Se é que isso é possível,
já que a Ferrari não parece mais ter carro para andar com Red Bull e McLaren.
Alonso não vai ter que tirar leite de pedra e sim whisky Blue Label. Isso foi o
grande acontecimento da prova.
Nos treinos evidenciava-se um
duelo entre Red Bull e McLaren. Os brasileiros andaram bem nos treinos livres,
mais rápidos que seus companheiros. Mas como sempre, nos treinos
classificatórios, andaram mal e seus companheiros andaram bem. Bruno Senna foi
claramente prejudicado por Jean Eric Vergne, da Toro Rosso, ficando de fora já
no Q1, em 18º. Esbravejou gesticulou e sifu. Vergne foi punido com a perda de três
posições. Com isso e mais as posições herdadas de Schumacher (que perdera 10 e
caíra de 13º para 23º), subiu para 16º.
Massa que andou bem no Q3, ficando
com a terceira marca, não passou do Q2. Ficou com o 11º tempo. Reclamou que
andou bem com os pneus velhos e quando colocou os novos teve problemas de
aderência (!?). Herdou a posição de Hulkenberg (Force India), também por troca
de câmbio e largou em décimo.
O problema que seus companheiros foram
novamente muito mais rápidos. Com punição de Button (troca de câmbio!), que
tinha feito o terceiro tempo, Alonso largou em sétimo. Maldonado em 12º, também
não passou do Q2.
Vettel fez sua 34º pole da carreira
e passou Jim Clark e Prost, tornando-se o terceiro piloto com mais
pole-positions, só perdendo para Schumacher (68) e Ayrton Senna (63). Colocou
seu nome no pódio dos grandes da história. Webber foi segundo e confirmou a bom
acerto da Red Bull para esta pista, uma das mais difíceis do campeonato. Das
antigas, com curvas longas de raios variados. Começam abertas e fecham mais no
final como as curvas 01 e 02. Entram de pé embaixo na 01 freando forte na
segunda perna para entrar nos “S” da serpente. Qualquer erro ali o carro sai da
pista. Tem também a Spoon, em forma de colher (daí o nome, em inglês), antes da
reta oposta. Entra reduzindo de 7ª para 4ª, reduzindo para 3ª na segunda perna
e acelerando e escorregando tudo para apoiar na zebra e entrar rasgando a reta
que leva a 130R. Ah, a 130R... A mais
rápida da F1, sendo contornada a quase 310 km/h. Mas para fazer pé embaixo
assim (alguns pilotos faziam com o DRS aberto, nos treinos!), é preciso estar
com o acerto do carro perfeito e fazer perfeitamente a tangência da curva.
Difícil... Só com steering wheel. No joystick é difícil.
Kobayashi herdou a terceira posição
de Button, levando a japonesada ao delírio. Ao seu lado o temido Grosjean.
Raikkonen e Button na terceira fila. Sérgio Pérez e Alonso na quarta fila.
Fechando a quinta fila, Hamilton e Massa.
A corrida começou com tudo e pode
ter sido crucial para o campeonato. Já na largada uma Ferrari sai rodando na
curva 1. Na hora pensei que fosse o Massa. “O Alonso não ia abandonar na
primeira curva duas vezes na mesma temporada” pensei. Aí vi o Felipe em quarto
e não entendi nada. Com os replays foi ficando mais clara a confusão, que
causou a entrada do Safety Car (lindo ver o Mercedão SLS AMG dando tudo na
frente do pelotão). Alonso espremeu Raikkonen para fora na curva 01. A asa
dianteira de Kimi tocou no pneu traseiro de Alonso e ele rodou, ficando de frente
para os carros que vinham atrás. Grosjean tocou em Webber que saiu da pista.
Webber ficou puto e chamou o francês/belga de “maluco da primeira volta”,
hahahaha!

Bruno Senna tocou em Rosberg. Todos
voltaram à prova. Somente Alonso não. Dava para ver por baixo do capacete a sua
cara de “fudeu”. Vettel disparou na ponta, seguido por Kobayashi (que largou
muito bem) e Button.
Massa largou muito bem. Arrancou na
frente de Hamilton e passou ileso pelas confusões da primeira curva. Ainda se
aproveitou para passar Perez, e Raikkonen e sair do quiproquó em quarto. Já
teria feito muito, mas conseguiu mais ainda. Andando muito forte antes de seu
primeiro pit-stop, conseguiu voltar dos boxes na frente de Kobayashi. Foi
ajudado por uma ligeira demora na roda traseira esquerda de Kobayashi na sua
parada, além de, tanto o japonês como o Button, voltaram dos pits atrás de
carros mais lentos como as Toro Rosso, perdendo um bom tempo. Mas Felipe foi
firme e preciso durante toda a corrida. Pode ter dado um passo gigante para
confirmar a renovação de contrato. Mais uma vez impressionante observar como ele anda
muito melhor sem o Alonso na pista.
A corrida não foi movimentadíssima,
mas teve ótimos pegas e ultrapassagens. A maioria delas sem o uso do DRS.
A ultrapassagem mais bonita foi a
de Pérez sobre Hamilton na freada do hairpin. Foi como nos games: mergulhou,
travou as rodas seja o que Deus quiser. Pérez estava endiabrado desde o início
da prova. Tentou passar Raikkonen por fora na curva 01 e saiu da pista. Depois
do primeiro pit-stop, cruzou com Hamilton na pista de novo. No hairpin de novo
ele abusou. Colocou por fora do Hamilton e tentou passá-lo. “Aí não, né Pérez?”
pensou Hamilton e espalhou na curva. Pérez saiu da pista, rodou e afundou na
brita. Folgou demais. Parecia querer se aparecer para a McLaren, sua equipe no
ano que vem.
Hamilton foi discreto. Nos treinos
livres andou muito rápido. Na classificação, em sua última volta, foi
prejudicado por uma bandeira amarela (assim com Alonso) e não pôde melhorar seu
tempo.
Mas na corrida ficou uma sensação
de desmotivação, tipo, esperando o campeonato acabar. Parece que não vê a hora
de sair da McLaren. No dia seguinte postou no Twitter que Button não o respeita
por que não o segue na rede social. Cumé que é, cumpadi? Ficou chateado? Aí
deve ter se tocado e pediu desculpas depois. Pois é...
A segunda ultrapassagem mais bonita
foi a de Bruno Senna sobre o Grosjean. Por fora, a mais de 300 km/h na 130R, na
marra, depois de um belo pega!
Teve também a saída de Box do
Hamilton que saiu dividindo a primeira curva com Raikkonen, conquistando
a posição. Também o pega do Schumacher com o Ricciardo, o de Hamilton com Pérez.
Em um circuito estreito e difícil
os pilotos mostraram alto nível nas manobras, como uma freada forte de
Schumacher no meio da curva 01, quase beijando a traseira do Ricciardo, algumas
ultrapassagens na entrada da curva 01 e na entrada da Spoon, pontos críticos,
feitos no limite da aderência.
A linda imagem em câmera super-lenta
dos carros saltando sobre as zebras da chicane antes da reta dos boxes (onde
Prost e Senna bateram em 1989) mostrava detalhadamente como os carros se
contorciam. A maior parte do amortecimento é absorvida pelos pneus. A suspensão é muita
rígida e os carros saltam mesmo.
No final Vettel venceu tranquilo,
com mais de 20seg para Massa. O alemão causou apreensão na equipe voando nas
últimas voltas para fazer a volta mais rápida e fechar o hat trick. Ou Grand
Chelem, como preferir, quando se consegue pole, vitória e melhor volta. Vettel
foi repreendido pelo seu engenheiro no rádio, que pedia para ele não se
arriscar, mas foi em vão. Ele conseguiu. Agora, só quatro pontos a menos que
Alonso, é ele quem coloca a mão na taça.
Massa comemorou muito sua volta ao
pódio depois de 35 corridas (Coréia do Sul, 2010). Até se atrapalhou no pódio e
derrubou a champanhe antes da comemoração.
Mas quem fez a festa mesmo foi a
torcida japonesa, que gritava em coro: Kamu-i, Kamu-i, Kamu-i! O japonês andou rápido,
foi firme e segurou a pressão de Button no final. Foi o segundo japonês a conseguir
um pódio em casa, desde Aguri Suzuki, em 1990. Após o pódio, ele chegou a xavecar
uma repórter que o entrevistava. Esse japonês é foda!
