terça-feira, 20 de setembro de 2011

Bruno Senna


Em Spa, o que vimos no fim de semana, com treinos em baixo de chuva, foi uma grata surpresa. Sem recorrer àquela ladainha brega da Globo (um Senna, em uma Lotus negra... e biriri, boróró), Bruno Senna realmente mandou muito bem na classificação do GP da Bélgica. Na chuva, os bons pilotos conseguem aparecer, pois é quando o ele tem que provar ter maior controle do carro, onde o equipamento conta um pouco menos e prevalece o talento. Ser mais rápido que seu companheiro de equipe, mais experiente, o russo Vitaly Petrov, já foi bom. Mas ficar à frente do Alonso, foi mais que bom. Tenho mais de trinta de anos de fanatismo, acompanhando a F1 e me sinto seguro em dizer, sem ufanismos: Bruno Senna pode ser o próximo piloto brasileiro vencedor na F1.
Ainda é cedo para dizer, mas mesmo o mais cético há que dar o braço a torcer. Bruno Senna tem muito pouca experiência em carros de corrida. Quando seu tio morreu, ele ainda brincava de kart, sem sequer estar ainda competindo de verdade. Com o choque, a família o convenceu a esquecer a carreira de piloto. Ele então ficou mais de 10 anos parado, até voltar a correr na F-BMW, em apenas algumas corridas. Alguns resultados aceitáveis, para quem estava parado há tanto tempo, e logo se mudou para a respeitada F3 Inglesa em 2005. Lá ele começou a surpreender. Apesar de alguns erros, normais para sua pouca experiência, ele venceu corridas e foi relativamente bem o campeonato inteiro. No ano seguinte, um excelente início. Venceu as três primeiras provas da temporada de F3 daquele ano. Mas a falta de experiência fez com que ele caísse de produção, cometendo alguns erros e tendo problemas para acertar o carro. Ficou em terceiro lugar na classificação. Em 2007 subiu para a GP2, último degrau antes da F1. Venceu corridas também, mas foi em 2008 que ele se estabeleceu. Disputou o título e a sua maior vitória foi em Mônaco, na preliminar da F1. Chegou ao vice-campeonato. Pronto.  Seu nome já estava cogitado em várias equipes (pequenas é verdade).
Em 2009, Bruno estava muito próximo de fechar um contrato com a Honda para substituir o Barrichello. Fizeram um teste entre o Bruno e o Lucas di Grassi. Senna foi o mais rápido e ficou a apenas dois décimos do melhor tempo do piloto oficial Jenson Button. Mas a Honda decidiu se pirulitar da F1 e a equipe se tornou Brawn GP, comandava pelo ex-chefe de Rubinho na Ferrari, Ross Brawn. Que preferiu a experiência de Barrichello em detrimento ao nome Senna que era favorito da Honda. O final todos já sabem, a Brawn fez um carro surpreendente, com o famoso difusor duplo e Button foi campeão e Barrichello perdendo a maior chance de sua vida de ser campeão.
Após um ano parado, fazendo corridas esporádicas aqui e ali, com maior destaque para uma participação nas 24 Horas de Le Mans em 2009, Senna estreou na F1 em 2010. Pela porta dos fundos. A sua equipe, Hispania, não tinha a menor condição de competir na F1. Chegava a ser mais lento que alguns carros da GP2. Portanto um ano que não conta.
Em 2011, fechou contrato com a Renault-Lotus-Genii - que estreava pintura nova inspirada na Lotus Negra JPS de antigamente, como terceiro piloto. Os titulares eram Petrov e Kubica. Mas quis o destino que Kubica se acidentasse em uma prova de Rally na Itália no começo do ano, antes do início da temporada. Alguém precisa substituí-lo. Na insegurança de promover Bruno, contrataram o fraco, mas experiente, Nick Heidfeld (eu sempre disse que ele era fraco). No início, com um pódio na segunda prova todos aclamaram a decisão da Renault como certa. Mas ao longo da temporada Heidfeld, como sempre entregou.
Por tudo isso, por sua carreira meteórica, por toda a pressão que sofre por seu sobrenome, pela sua falta de experiência, mas principalmente pela sua raça e determinação (talvez a maior herança genética de seu tio) é que eu acredito que ele vai chegar lá. Basta que o lado comercial caminhe junto com sua competência, ou seja, tem que saber se vender. Infelizmente a F1 não tem mais espaço para pilotos puros. Tem que ter um lado comercial.
Vamos esperar para ver. Não o comparo ao Hamilton e Vettel, ainda, mas acredito que ele tem esse potencial. 

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