sábado, 7 de julho de 2012

Formula Alonso




É difícil de admitir, mas Fernando Alonso é o cara em 2012. Atingiu um patamar de competência e eficiência que o levará ao seu terceiro título neste ano. Sempre disse que Alonso era muito rápido, inteligente, mas faltava big balls nas disputas e ultrapassagens. Hoje ele se redimiu e calou minha boca. Não teve somente big balls, mas sim big heavy steel balls. Largando em uma discreta 11º posição, apesar da mínima diferença para os primeiros do grid, já era esperado que ele fizesse uma corrida de recuperação, buscando ganhar algumas posições nas estratégias de box. Mas bastou dar a largada para ver um Alonso extremamente agressivo, indo pra cima e atropelando todo mundo. Grandes campeões são contemplados com uma dose extra de sorte, mas o fato de Vettel ter abandonado, deixando a vitória de bandeja para Alonso, não diminui seu show. Foi pau puro a corrida toda. Aliás, que corrida!
Após um GP do Canadá um tanto morno, a expectativa era de outra corrida monótona em Valência, como sempre foi. A bela pista de rua montada na zona portuária da cidade é veloz, mas tradicionalmente não oferece muitos pontos de ultrapassagens. Mesmo com as retas longas, estas são na verdade sinuosas, de pé em baixo, portanto difícil de abrir a asa no momento certo. No ano passado este dispositivo não ajudou muito e a corrida foi fraca. Mas desde os primeiros treinos de sexta-feira o que se pronunciava era um equilíbrio espantoso na tabela de tempos. Vettel foi mais rápido quase sempre, mas com mínima diferença, chegando a menos de meio segundo do 1º ao 13º. Na primeira sessão, Pastor Maldonado, da Williams, ficou em primeiro e na segunda sessão à tarde Vettel liderou. Massa e Senna andaram mal na primeira sessão, mas se recuperaram e andaram bem na segunda. Na classificação do sábado, qualquer previsão de grid era impossível, tamanho equilíbrio entre as equipes. Vettel foi mais rápido quase sempre, mas com mínima diferença, chegando a menos de meio segundo do 1º ao 13º. As equipes Red Bull e Mclaren andavam próximos na ponta, com Williams (Maldonado) e Lotus bem próximas. Mas no Q3 Vettel meteu medo na galera, fazendo um temporal, mantendo-se na pole. As Ferrari ficaram no Q2 com Alonso em 11º e Massa em 13º. Bruno Senna levou pau de Maldonado de novo (3º) e largou em 14º.
Na largada, Alonso partiu com tudo e ganhou três posições. Massa veio junto e ganhou duas. 
Aí começou o show de Alonso. Com uma pilotagem muito agressiva, foi escalando o pelotão, passando Hulkenberg e Rosberg por fora. Massa empacou atrás de Di Resta. Aí vale a observação: Alonso chegou e passou Hulkenberg e Rosberg por fora na curva 12. Massa tentou duas vezes ultrapassar Di Resta na mesma curva, por fora, mas afinou e perdeu tempo, deixando Alonso disparar na frente. Se botou de lado vai até o fim. Alguém tem que tirar o pé. Que seja o outro.
Após os primeiros pits (a Mclaren errou de novo com Hamilton), surgiu uma briga ótima entre uns oito carros, todos embolados, com Schumacher e Senna liderando, Webber, Kobayashi, Alonso, Massa, Ricciardo, todo mundo colado, alguns com pneus mais novos como Alonso passavam fácil os demais. Numa dessas, Webber passou Bruno Senna na reta antes da curva 12 (o principal ponto de ultrapassagem) e Kobayashi tentou pegar o embalo. Bruno fechou e arrancou a asa dianteira do japonês. Mas isto fez com que ele tivesse seu pneu traseiro furado e rodou na frente de todo mundo. Controlou o carro muito bem, mas teve que ir para os boxes, se arrastando na pista. Ainda assim Bruno voltou forte e estava se recuperando. Mas aí a direção de prova resolveu puni-lo com um drive-through. Aí ficou difícil. Massa vinha fazendo uma corrida boa corrida até, mas faltava um pouco mais de ímpeto e decisão.
Foi quando Vergne jogou o carro pra cima de Kovalainen, num erro de julgamento, sem maldade, e espalhou pedaços de carro por toda pista. Safety Car in. Todo mundo aproveitou para ir aos boxes e a Mclaren cagou de novo na parada de Hamilton. Alonso passou-o nos boxes e assumiu o terceiro posto, com Vettel em primeiro e Grosjean em segundo.
Na relargada, Alonso foi novamente agressivo. Colou em Grosjean e o ultrapassou por fora na primeira curva. Mas aí Vettel e sua Red Bull começaram a abrir, mostrando que a Red Bull reencontrou o caminho. Mas a sorte acompanha Alonso. Grosjean começa a se aproximar assustadoramente e Vettel abria a cada volta. Mas a Renault falhou com ambos. Vettel parou com problemas no alternador e Grosjean por superaquecimento. Caminho livre para Alonso ganhar e se consagrar com a torcida em casa, com direito a bandeira e parada para descer do carro e saudar a galera. Depois chorou no pódio histórico que teve Raikkonen em segundo e Schumacher em terceiro (seu primeiro pódio após o retorno), totalizando 10 títulos mundiais, com dois de Alonso, um de Raikkonen e os sete de Schumacher.
Com sorte ou sem sorte, Alonso é realmente o melhor da geração atual.         
Foi a melhor corrida do ano! Ultrapassagens sem precisar usar a asa móvel, no braço e na raça e vários pegas: Raikkonen x Hamilton, Massa x Di Resta, Schumacher x Grosjean x Raikkonen, Maldonado... Poderia ter feito uma bela prova, já que largou em terceiro, mas foi ficando para trás a te encontrar Hamilton no final. Após bela briga, ele tentou por fora de Hamilton na curva 12. Lewis não aliviou e bateu, sendo arremessado ao muro. Puto da vida esmurrou o volante várias vezes e o atirou longe, ciente do prejuízo. Maldonado acabou sendo punido com 20 segundos no tempo final e deixou a décima posição final para seu companheiro Bruno Senna, marcando assim mais um pontinho para o brasileiro.
Agora a expectativa para Silverstone na Inglaterra. Se tiver metade da emoção deste já estará bom.






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