
A Audi domina amplamente as
corridas de longa duração. Com seus lindos protótipos híbridos, já garantiu o
campeonato de construtores do FIA WEC (World Endurance Championship –
Campeonato Mundial de Endurance da FIA) com quatro provas de antecipação. Mas
hoje, em Interlagos, a história foi diferente. A Toyota, que estreou com equipe
oficial este ano nas 24 horas de Le Mans, em junho, dominou toda a corrida e
conquistou uma vitoria histórica. Foi apenas a terceira corrida deste carro.
Correndo em dupla com Alexander Wurz, ex-piloto de F1 e Nicolas Lapierre,
largou na pole e venceu de ponta a ponta, não dando chances para os dois carros
da Audi.
Pela primeira vez no Brasil com
este novo campeonato (antes, quando era Le Mans Series, correu aqui em 2007,
mas a Audi não veio e a Toyota não tinha equipe oficial, deixando o domínio
para a Peugeot), a 6hs de São Paulo foi uma empreitada de sucesso do nosso
saudoso Emerson Fittipaldi, responsável por trazer estes carros maravilhosos
para correr na nossa lendária pista de Interlagos.
A Audi era franca favorita. Com seus
E-Tron Quattro e Ultra e os excelentes pilotos André
Lotterer, Marcel Fässler e Benoît Tréluyer, bicampeões das 24hs de Le
Mans, com o E-Tron e os lendários Tom Kristensen, Allan McNish, junto com o
brasileiro convidado (e ex-F1) Lucas Di Grassi no Ultra, máquinas que venceram
todas as provas desta temporada, esperava-se mais um passeio dos silenciosos e
modernos carros que mais parecem naves espaciais. É impressionante ver estes
protótipos rasgando as retas sem berrar como carros de corridas normais.
Ouve-se somente um assovio forte que chega a assustar. São bólidos movidos a
diesel, com o já conhecido kers utilizado na F1. Mas no Audi E-Tron ele aciona
um segundo motor elétrico que aciona o eixo dianteiro e trabalha junto com o
motor principal com tração traseira. Já o Audi Ultra, em que correu Di Grassi, utiliza
um motor à diesel com tração nas quatro rodas, mas sem o motor que aciona o
eixo dianteiro. Só possui o kers normal, como o da F1, que dá de 60 a 120 cv de
potência a mais no motor em determinados trechos da pista.
Nos
treinos, o Audi Ultra, menos avançado, ficou à frente do Audi E-Tron, graças a
Lucas Di Grassi, que conseguiu o segundo tempo, deixando o favorito E-Tron em
terceiro. A escolha de Di Grassi para o treino classificatório foi pelo seu
conhecimento da pista. Andou bem Di Grassi, mas a Toyota surpreendeu. Talvez por
Interlagos não ter retas muito longas, o carro híbrido da Toyota (motor a gasolina,
kers e tração nas quatro) se adaptou melhor ao relevo diferenciado de Interlagos
e cravou a pole com Alexander Wurz, outro que já conhecia o traçado dos tempos
de F1.
Mesmo
com este desempenho impressionante da Toyota, imaginava-se que os Audi seriam
mais econômicos e fariam de uma a duas paradas a menos. Porém a Toyota voou e
mesmo com um pit stop a mais, abriu diferença confortável para chegar na frente
e vencer de forma convincente. O chefe de equipe foi às lágrimas e toda a
equipe comemorou muito. Em segundo chegou o Audi E-Tron e em terceiro o Audi
Ultra, com Di Grassi conduzindo na parte final.

A
corrida foi muito boa. Longe de ser monótona, houve disputa durante todas as
seis horas de prova, em todas as categorias que são a LMP1 dos Audi, Toyota,
Lotus e outros protótipos abertos e fechados, com motores especiais
desenvolvidos para competição, a LMP2 com protótipos também abertos e fechados,
mas com motores derivados de produção normal, a GTE Pro, com carros esportivos
e pilotos profissionais como Ferrari 458, Corvette, Porsche 911 e Aston Martin
e por fim a GTE AM com os mesmos carros da GTE PRO, mas com potência um pouco
mais limitada e pilotos, digamos, menos profissionais, ou gentleman drivers.
E
os pegas foram intensos. Foi lindo ver as Ferrari se pegando com os Aston
Martin, os Corvettes com os Porsches, todos eles atrapalhando os pilotos das
categorias superiores (neste campeonato os retardatários e os carros de
categorias inferiores não são obrigados a dar passagem para os líderes de
categorias superiores). E tome esbarrão, pilotos de GTE jogando protótipos pra
grama. Todos comemoram muito no final. Os carros terminam no bagaço, imundos,
ralados, amassados, faltando pedaço. Só de conseguir chegar ao final já é
motivo de comemoração. É comum ver carros sendo remontados nos boxes e
retornarem muitas voltas depois só para terminar a corrida.

Além
de Lucas Di Grassi, outros brasileiros participaram da prova. Fernando Rees
correu e venceu na categoria GTE AM, dividindo o Corvette da equipe Larbre com
Patrick Bornhauser e Julien Canal. Fernando Rees corre o campeonato todo e é
piloto oficial da equipe. Houve também uma equipe brasileira, na GTE AM,
correndo com Ferrari 458 com os pilotos Xandy Negrão, Francisco Longo e Henrique
Bernoldi, outro ex-F1. Chegaram em quarto em sua categoria.
Outro
famoso piloto de F1 que participou foi Giancarlo Fisichella, que venceu na
categoria GTE PRO com Ferrari 458, junto do piloto Gianmaria Bruni.

Também
teve alguns pilotos conhecidos como o ex- F1 Vitantônio Liuzzi, Nicolas Prost,
filho do lendário Alain Prost, Olivier Beretta, Neel Jani, Stefani Sarrazin,
David Brabham, Karun Chandhock (mais um ex-F1), Bertrand Baguette (ex-Indy) e a
única mulher da prova, a japonesa Keiko Ihara.
Foi
um espetáculo inesquecível e não poderia deixar de dar os parabéns para o canal
Sportv, que transmitiu a prova toda, sem cortes, numa demonstração de respeito
ao telespectador fã de automobilismo.
O
campeonato ainda terá mais três provas: Bahrein, Japão e China.
A
etapa brasileira está acertada para os próximos quatro anos. Esperamos que nos
próximos, o público seja melhor. Mais promoção e divulgação, além de ingressos
mais baratos, podem ajudar. Já o espetáculo, está garantido.

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