sábado, 15 de setembro de 2012

Toyota derruba o favoritismo da Audi e conquista vitória histórica nas 6hs de São Paulo em Interlagos


A Audi domina amplamente as corridas de longa duração. Com seus lindos protótipos híbridos, já garantiu o campeonato de construtores do FIA WEC (World Endurance Championship – Campeonato Mundial de Endurance da FIA) com quatro provas de antecipação. Mas hoje, em Interlagos, a história foi diferente. A Toyota, que estreou com equipe oficial este ano nas 24 horas de Le Mans, em junho, dominou toda a corrida e conquistou uma vitoria histórica. Foi apenas a terceira corrida deste carro. Correndo em dupla com Alexander Wurz, ex-piloto de F1 e Nicolas Lapierre, largou na pole e venceu de ponta a ponta, não dando chances para os dois carros da Audi.
Pela primeira vez no Brasil com este novo campeonato (antes, quando era Le Mans Series, correu aqui em 2007, mas a Audi não veio e a Toyota não tinha equipe oficial, deixando o domínio para a Peugeot), a 6hs de São Paulo foi uma empreitada de sucesso do nosso saudoso Emerson Fittipaldi, responsável por trazer estes carros maravilhosos para correr na nossa lendária pista de Interlagos.
A Audi era franca favorita. Com seus E-Tron Quattro e Ultra e os excelentes pilotos André Lotterer, Marcel Fässler e Benoît Tréluyer, bicampeões das 24hs de Le Mans, com o E-Tron e os lendários Tom Kristensen, Allan McNish, junto com o brasileiro convidado (e ex-F1) Lucas Di Grassi no Ultra, máquinas que venceram todas as provas desta temporada, esperava-se mais um passeio dos silenciosos e modernos carros que mais parecem naves espaciais. É impressionante ver estes protótipos rasgando as retas sem berrar como carros de corridas normais. Ouve-se somente um assovio forte que chega a assustar. São bólidos movidos a diesel, com o já conhecido kers utilizado na F1. Mas no Audi E-Tron ele aciona um segundo motor elétrico que aciona o eixo dianteiro e trabalha junto com o motor principal com tração traseira. Já o Audi Ultra, em que correu Di Grassi, utiliza um motor à diesel com tração nas quatro rodas, mas sem o motor que aciona o eixo dianteiro. Só possui o kers normal, como o da F1, que dá de 60 a 120 cv de potência a mais no motor em determinados trechos da pista.
Nos treinos, o Audi Ultra, menos avançado, ficou à frente do Audi E-Tron, graças a Lucas Di Grassi, que conseguiu o segundo tempo, deixando o favorito E-Tron em terceiro. A escolha de Di Grassi para o treino classificatório foi pelo seu conhecimento da pista. Andou bem Di Grassi, mas a Toyota surpreendeu. Talvez por Interlagos não ter retas muito longas, o carro híbrido da Toyota (motor a gasolina, kers e tração nas quatro) se adaptou melhor ao relevo diferenciado de Interlagos e cravou a pole com Alexander Wurz, outro que já conhecia o traçado dos tempos de F1.
Mesmo com este desempenho impressionante da Toyota, imaginava-se que os Audi seriam mais econômicos e fariam de uma a duas paradas a menos. Porém a Toyota voou e mesmo com um pit stop a mais, abriu diferença confortável para chegar na frente e vencer de forma convincente. O chefe de equipe foi às lágrimas e toda a equipe comemorou muito. Em segundo chegou o Audi E-Tron e em terceiro o Audi Ultra, com Di Grassi conduzindo na parte final.


A corrida foi muito boa. Longe de ser monótona, houve disputa durante todas as seis horas de prova, em todas as categorias que são a LMP1 dos Audi, Toyota, Lotus e outros protótipos abertos e fechados, com motores especiais desenvolvidos para competição, a LMP2 com protótipos também abertos e fechados, mas com motores derivados de produção normal, a GTE Pro, com carros esportivos e pilotos profissionais como Ferrari 458, Corvette, Porsche 911 e Aston Martin e por fim a GTE AM com os mesmos carros da GTE PRO, mas com potência um pouco mais limitada e pilotos, digamos, menos profissionais, ou gentleman drivers.
E os pegas foram intensos. Foi lindo ver as Ferrari se pegando com os Aston Martin, os Corvettes com os Porsches, todos eles atrapalhando os pilotos das categorias superiores (neste campeonato os retardatários e os carros de categorias inferiores não são obrigados a dar passagem para os líderes de categorias superiores). E tome esbarrão, pilotos de GTE jogando protótipos pra grama. Todos comemoram muito no final. Os carros terminam no bagaço, imundos, ralados, amassados, faltando pedaço. Só de conseguir chegar ao final já é motivo de comemoração. É comum ver carros sendo remontados nos boxes e retornarem muitas voltas depois só para terminar a corrida.


Além de Lucas Di Grassi, outros brasileiros participaram da prova. Fernando Rees correu e venceu na categoria GTE AM, dividindo o Corvette da equipe Larbre com Patrick Bornhauser e Julien Canal. Fernando Rees corre o campeonato todo e é piloto oficial da equipe. Houve também uma equipe brasileira, na GTE AM, correndo com Ferrari 458 com os pilotos Xandy Negrão, Francisco Longo e Henrique Bernoldi, outro ex-F1. Chegaram em quarto em sua categoria.
Outro famoso piloto de F1 que participou foi Giancarlo Fisichella, que venceu na categoria GTE PRO com Ferrari 458, junto do piloto Gianmaria Bruni.


Também teve alguns pilotos conhecidos como o ex- F1 Vitantônio Liuzzi, Nicolas Prost, filho do lendário Alain Prost, Olivier Beretta, Neel Jani, Stefani Sarrazin, David Brabham, Karun Chandhock (mais um ex-F1), Bertrand Baguette (ex-Indy) e a única mulher da prova, a japonesa Keiko Ihara.
Foi um espetáculo inesquecível e não poderia deixar de dar os parabéns para o canal Sportv, que transmitiu a prova toda, sem cortes, numa demonstração de respeito ao telespectador fã de automobilismo.
O campeonato ainda terá mais três provas: Bahrein, Japão e China.
A etapa brasileira está acertada para os próximos quatro anos. Esperamos que nos próximos, o público seja melhor. Mais promoção e divulgação, além de ingressos mais baratos, podem ajudar. Já o espetáculo, está garantido.



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